Roy Thomas

Roy Thomas é um daqueles escritores prolíferos que não se destacam por um trabalho excepcionalmente especial, mas por uma carreira intimamente ligada à própria história das histórias em quadrinhos. Ele executou um excelente trabalho com grupos de heróis e teve o talento para trazer os bons elementos da Era de Ouro dos quadrinhos para a Era de Prata.

Nascido em 22 de novembro de 1940 no Missuri, EUA, começou sua carreira nos anos 60 quando ainda era professor de Inglês e assumiu o Fanzine Alter-Ego, criado pelos Dr. Jerry Bails e tido como o primeiro fanzine de herói com identidade secreta. Com essa publicação no portifólio conseguiu um emprego de assistente de Mort Weisinger na DC e logo teria sua grande chance na Marvel.

Thomas foi o primeiro fanboy a se tornar profissional de quadrinhos, levando para a indústria a suas percepções de leitor e contribuindo para o estabelecimento da dinâmica de relações de leitura e produção de quadrinhos que conhecemos hoje.

Mesmo trabalhando por diversos títulos da Casa das Idéias, inclusive alguns não relacionados a heróis, seu grande destaque foi com os Vingadores. Depois da saída dos criadores Stan Lee e Jack Kirby, a revista passou um tempo com histórias fracas e uma queda nas vendas. Coube ao então novato Thomas reverter essa situação. Demonstrando uma grande imaginação e compressão das peculiaridades dos personagens tidos como de segundo escalão, ele escreveu o título por 50 edições. Destacava-se principalmente por saber utilizar personagens inseguros, cheios de dúvidas e autoquestionamentos. Isso ficou claro com a abordagem que deu ao Gavião Arqueiro, que vivia se comparando e tentando se provar tão bom quanto os heróis mais poderosos do grupo; ao Visão, com os questionamentos de ser humano ou máquina e a Hank Pym, certamente o mais inseguro herói do grupo.

Assim ele retomaria a abordagem de Stan Lee, mas indo mais além. Desenvolvia os enredos com extrema sutileza, tratando de diversos sentimentos sem apelar para clichês e melodramas. Acompanhado da arte de Gene Colan e especialmente John Buscema, usou os Vingadores para definir um padrão de herói lutando não só contra super vilões, mas tendo problemas pessoais, discussões internas e se esforçando para vencer. Essa luta dos personagens sempre foi algo difícil de se fazer acreditar, principalmente em uma época em que o “Bem” sempre vencia.

Com esse bem sucedido trabalho, em 1972, quando Stan Lee se tornou Publisher da Marvel, Thomas foi a escolha natural para sucedê-lo no cargo de editor-chefe. Nesse período ele não parou de escrever. Além de manter o controle sobre os principais títulos da casa, lançou o azarão Conan, o Bárbaro. No começo tida como uma reprise da Espada Selvagem de Conan, a revista não teve uma boa vendagem. Mas com os roteiros feitos com muito cuidado pelo próprio Thomas e com a arte detalhada de Barry Windsor-Smith, logo a revista se tornou um sucesso.

Mas a verdadeira paixão de Thomas eram os heróis da Era de Ouro. Não só isso, ele queria vê-los vivendo novamente na Era de Ouro e mostrar que suas aventuras ainda eram viáveis. Aos poucos ele foi resgatando personagens clássicos dentro dos Vingadores, como o Tocha Humana original, que teria sido reconstruído e dado origem ao Visão. Além disso, na Guerra Kree-Skrull, trouxe Rick Jones, o eterno parceiro de super-heróis, para personificar alguns heróis antigos.

De olho no trabalho que a DC estava desenvolvendo com a Terra-2, com os personagens que continuaram tendo aventuras na Era de Ouro e os anuais com os encontros da Liga e a Sociedade da Justiça, a Marvel finalmente entregou os personagens da Timely a Thomas para ele criar os Invasores. O grupo era composto por personagens do período da Segunda Guerra que não se encontraram nas revistas da época. Nessas novas aventuras o Capitão América, Namor e o Tocha Humana original formaram o grupo Invasores para ajudar a derrotar os nazistas. Essa série permitiu a Thomas e outros roteiristas brincarem com personagens anacrônicos da Marvel e trabalhar os heróis fora dos padrões morais que eram impostos nas outras revistas atuais, afinal, guerra era guerra.

Sob sua direção a Marvel lançou os títulos bem humorados como Os Defensores e a série O que Aconteceria Se... Além de participar da criação de novos personagens como o Motoqueiro Fantasma, revitalizar a franquia dos X-Men e produzir a adaptação para quadrinhos da série Star Wars. Depois de tudo isso ele deixou a editora em 1984 quando foi trabalhar para a DC.

Na editora concorrente ele escreveu vários títulos e realizou seu sonho de trabalhar com SJA e a LJA. Ele também pode expandir seu trabalho com grupos na série All-Star Squadron, onde poderia utilizar qualquer personagem da DC de qualquer época. Novamente ele conseguiu humanizar vários personagens da editora que sempre tiveram poderes ilimitados e trabalhar com personagens problemas que agiam como elo fraco do grupo. Um dos principais exemplos foi Johnny Quick, que queria se provar como parte do legado do Flash. Além desse título ele produziu para DC a Corporação do Infinito, outra série de sucesso ligada a Terra-2. Apesar de um relativo sucesso dessas revistas, a DC começava a passar por um desgaste e a presença dos elementos da Era de Ouro era considerada os principais culpados disso. Para resolver a situação foi feita a Crise nas Infinitas Terras que “zerou” a cronologia da DC e eliminou seus anacronismos.

Sem espaço para o seu trabalho nessa nova DC, Thomas retornou à Marvel em 1985 para escrever algumas novas aventuras dos Invasores, Vingadores da Costa Oeste, Dr. Estranho, Thor e Conan, agora em parceria com sua esposa Dann Thomas.

Nos anos noventa ele deixou as grandes editoras e foi trabalhar com projetos independentes. Além de adaptar vários seriados de TV para os quadrinhos como Xena, Hércules e Arquivo X, trabalhou com Gil Kane na adaptação do Anel de Nibelungo. Ainda hoje ele produz quadrinhos e retomou seu projeto de juventude, o Alter –Ego.

No final de 2005, Thomas escreveu uma nova história dos Invasores, que dá continuidade ao título original de 1975, Giant-Size Invaders 1. A revista traz uma história inédita de Roy Thomas, além da reimpressão de clássicos da Era de Ouro. Uma história com Namor, publicada em 1941, extraída de All-Winners Comics 1; duas histórias de All-Winners 2, uma com o Tocha Humana e a outra com o Capitão América, ambas de 1941; e Invaders 1 e 2, de 1975.


 

 

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