Vanderfel

Wanderley Felipe nasceu em 1957, no Brás. Seus primeiros trabalhos foram publicados pela editora Miname & Cunha, no início dos anos1970. Nos anos 1980, produziu as tiras da Taturana Tulipa, que seriam depois compiladas em dois gibis pela Editora Ninja. Sob o pseudônimo de Vanderfel e em parceria com o editor Franco de Rosa, criou os Bichinhos da Floresta, Filhotes Dálmatas, Super Gêmeas e a página satírica Opera Bar.

Entrevista

Bom, a pergunta mais básica de todas... como você começou na carreira?

Foi em 1976, na Editora Noblet. Apresentei meu material para o Paulo Hamasaki, na época o diretor de arte, e ele me propôs fazer hqs curtas, pra completar as revistas de linha da editora. Uma vez por semana, eu entregava um determinado número de páginas de quadrinhos e eu não podia falhar, senão atrasava todo o andamento e fechamento das edições. Esse compromisso fez evoluir meu traço.

Quais são suas influências artísticas?

Tenho muita influência de Bud Blake (Tiger), Bill Waterson (Calvin), Jeff Smith (Bone), Ziraldo e do FranK Miller, pra mim, na atualidade, o cara que melhor brinca com os pretos no branco e vice-versa.

Hoje, o que lê de quadrinhos?

Perdi um pouco do pique pra super-heróis, prefiro ler Sin City, Ken Parker, Bone e também as revistas do Ziraldo e do Maurício.

No Brasil, apesar de um público fiel e crescente, o quadrinho ainda não é valorizado e desenhista ou cartunista por muitos não é considerada uma profissão de verdade. Como sua família aceitou sua decisão de seguir por essa área?

Grande parte da minha vida foi assim: trabalhava em estamparia, fazendo desenhos pra cortinas, toalhas, lençóis, camisetas e fazia quadrinhos à noite. Quando consegui viver só de cartuns, minha família apoiou numa boa.

Qual foi o seu primeiro trabalho publicado?

Foi uma hq de terror que saiu em 1973 numa revista da editora Minami & Cunha. Essa revista dava espaço para novos artistas.

Você tem trabalhos tanto direcionados ao público infantil quanto ao adulto, qual é o melhor público para trabalhar?

Melhor trabalhar para o público infantil. Não falo de revistas de quadrinhos, mas sim de revistas de atividades. Esse segmento é bom e sempre se amplia.

Na sua opinião, por que o governo ou mesmo as escolas particulares não levam quadrinhos para sala de aula?

Talvez haja ainda um resquício de preconceito quanto ao tipo de linguagem usada nos quadrinhos, mas não acredito que isso vá durar. Os quadrinhos estão nos cercando cada vez mais. O cinema é prova disso.

O mercado editorial brasileiro tem crescido bastante nos últimos anos, vários materiais alternativos e uma grande variedade de títulos e preços estão disponíveis nas bancas. Esse crescimento tem ajudado você também?

Sim, pra mim foi ótimo, tive muito mais propostas de trabalho.

Como é sua produção editorial? Você mesmo banca as impressões? E a distribuição do material como é feita?

Eu geralmente faço o que o editor me pede. Se ele tem uma idéia para uma nova revista, ele me passa e eu desenvolvo os personagens, finalizo e diagramo a edição e mando pela internet. A parte de impressão e distribuição é por conta dele.

Hoje em dia os quadrinhos ficaram mais “adultos”, alega-se que o público envelheceu e quer materiais mais sérios, complexos e sinistros. Pelo que vemos das novas apostas das editoras, o espaço para quadrinhos infantis vem se encolhendo cada vez mais. Na sua opinião, esse é um bom direcionamento para o mercado?

Muito bom. Tomara que esse tipo de material adulto venda cada vez mais. Quadrinhos infantis são mais difíceis de conquistar leitores. As revistas geralmente têm vida curta. Até a outrora inabalável linha Disney sofre com as mutações constantes dos seus gibis, tentando se adequar ao mercado.

Quais seus projetos atuais e para um futuro próximo?

Estou desenvolvendo a seqüência de uma hq sobre Ninfas, que fiz tempos atrás. Como faço isso entre um trabalho e outro, este projeto atual vai ser só pro futuro mesmo.

Qual é o seu conselho para quem está começando agora ou sonha em trabalhar com quadrinhos?

Paciência e empenho. Encontrar um estilo que o diferencie do grupo é primordial, mas isso não vem de uma hora pra outra. Muitas vezes é preciso enfiar a cara nos gibis pra evoluir seu trabalho. Avalie as soluções que cada artista encontra pra ilustrar um mesmo tema. Não tenha vergonha de pesquisar, o que não vale é simplesmente copiar o traço de alguém, sem acrescentar nada. Aí você estará caindo numa armadilha. Viver desse trabalho é uma arte.

Na sua opinião, o que falta hoje no mercado nacional de quadrinhos?

Personagens infantis de uma nova safra de artistas com carisma suficiente pra vender revistas por muito, mas muito tempo.

 

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