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Top Pop Já Fomos Roteiristas


A gente sabe que é feio chutar cachorro morto, mas quando o cachorro insiste em levantar e dar uma de zumbi não tem como, tem que bater até o bicho resolver deitar de vez. Esse Top Pop começou com a idéia de falar daqueles autores que já foram muito bons, que à sua maneira revolucionaram os quadrinhos, mas não souberam parar e continuaram trabalhando mesmo depois do talento ter acabado. Como a lista ficou um tanto grande... dividimos ela em roteirista e desenhistas, que será o tema do próximo Top.

Antes de começar, fica a ressalva de que por pior que seja o trabalho atual, isso não apaga ou anula de qualquer forma os feitos passados do autor. De certa forma, esta também a nossa “homenagem” ao artilheiro Romário, que finalmente alcançou a tão falada meta dos mil gols, segundo sua contagem particular. Assim como estes quadrinhistas, as atuações do baixinho já não agradam tanto quanto no passado, mas é impossível negar o fato de que ele é um dos melhores de todos os tempos.


1- Chris Claremont - Esta lista foi feita na medida para ele. É inegável o valor de Claremont para a mitologia mutante na Marvel, ele ajudou a expandir esse universo além de ser responsável por sagas memoráveis como Deus Ama, Homem Mata. Contudo, atualmente Claremont é um desastre ambulante, escrevendo alguns dos mais intragáveis títulos da Marvel (e olha que é uma concorrência bem acirrada). Muitos chegam a defender a hipótese de que ele morreu anos atrás, mas a Marvel esqueceu de enterrá-lo. Particularmente, principalmente por respeito aos mais velhos, gostamos de pensar que, vez ou outra, ele até tem uma idéia razoável, mas seu estilo narrativo não evoluiu em nada nessas décadas e isso mata qualquer idéia. Ele é um incômodo inclusive para o desenhista, que fica sem muito espaço para ação com o texto absurdamente carregado desse autor que ainda insiste em descrever as cenas em seus recordatórios.


2- Jeph Loeb - Esse é o verdadeiro “oito-ou-oitenta”. Se alguém falar que esta ou aquela história do Loeb é boa, não tenha dúvidas, é uma história excelente, inteligente, sensível, diferente da maioria dos quadrinhos com idéias comuns. Contudo, se disserem que é ruim, fuja, fuja o mais rápido que você puder, pois terá uma impressão irremediável de que Loeb só conta histórias sem propósito e comuns, com direito, inclusive, a robôs gigantes meio Superman meio Batman (se você teve a felicidade de não ler Superman/Batman, nem nos pergunte do que estamos falando, porque será uma decepção). Um bom referencial é o desenhista da história. A maior parte das histórias que ele fez com Tim Sale são clássicos, como Superman Quatro Estações, O Longo Dia das Bruxas, Homem-Aranha: Azul e Demolidor: Amarelo. O restante, bem, talvez aquela parte da mente que suprime memórias traumáticas tenha nos feito esquecer.

3- Frank Miller - A partir daqui a lista fica mais polêmica, pois, mesmo dentro da chamada crítica especializada e dos leitores, há grandes divergências sobre o autor. Aqueles que se encantaram com seu trabalho revolucionário em Elecktra, Demolidor, Cavaleiro das Trevas e Sin City acabaram criando um amor quase materno que releva tudo e não consegue criticar mesmo o pior trabalho já escrito. Sobre Cavaleiro das Trevas 2 é impossível chegar a um consenso, pois mesmo aqueles que chegam a admitir que o texto é ruim e forçado evocam a genialidade do autor ao fazer isso propositadamente. Agora, sinceramente, Grandes Astros Batman não tem como. Se Miller tivesse criado um personagem novo e contado aquela história, talvez, com um certo esforço, daria para se falar bem, mas os absurdos que ele tem feito com o Batman, um personagem consagrado, são ... são... bem, absurdos! Felizmente isso está temporariamente suspenso nos EUA e aqui.

4- Grant Morrison – Outro roteirista que tem uma legião fiel de fãs prontos para defender seu nome. Mesmo assim, o bom-senso exige que reconheçamos algumas pisadas na bola de Grant Morrison de vez em quando. Principalmente quando se trata de sua verve psicodélica sem controle. Muita coisa que foi impressa só não foi execrada simplesmente porque tinha o nome de Morrison nos créditos, o que deixa as pessoas com vergonha de dizer que não entenderam nada da história. Ou então os fãs justificam isso dizendo que tudo faz parte do caos moderno retratado pelo autor em suas obras. O fato triste é que uma boa parte da produção recente de Morrison não passe de um decalque de seus momentos de glória, assim como acontece com Claremont, o que nos faz imaginar que daqui a alguns anos ele possa assumir seu lugar no topo desta lista.

5- Todd McFarlane – Esse pode usar ao pé da letra a expressão que dá título a esta lista, afinal, um dia, já há bastante tempo, Todd McFarlane foi um roteirista e não fez feio. Sua criação, Spawn, era de longe o melhor título da primeira safra da Image Comics, um dos pioneiros a mesclar anti-heróis modernos com o sobrenatural. Mas com o tempo a série foi perdendo o fôlego, as idéias de Todd já não tinham novidade nenhuma e o leitor percebeu que de repente já passava da centésima edição. Demorou, mas Todd finalmente admitiu que era hora de uma retira estratégica para preservar um pouco da sua dignidade e desocupou a moita, para que outros roteiristas como, por exemplo, David Hine (do excelente Distrito X) assumissem a revista.

   

 
 

 

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