A revolução Pop escolar

Muito se fala que as crianças e os jovens em geral não lêem. Os jogos eletrônicos, a tv e a internet aparentemente sugaram a mente de toda uma geração e criaram uma infinidade de analfabetos de pai, mãe e parteira. Isso é apenas parcialmente verdade. Certamente o nível de cultura das pessoas em geral caiu, mas não por simplesmente haver coisas mais interessantes para fazer e sim por não se mostrar a cultura como algo interessante.

O que você acha que os jovens ficam fazendo na internet? Baixando músicas e filmes, claro, mas também lendo e lendo muito. Por mais que se tenha avançado, a linguagem escrita ainda não foi superada e não será superada até se criar um método mais eficiente de transmissão de conhecimento, como, por exemplo, a telepatia. A grande parte da famosa informação disponível na internet está, como esse texto, digitada. Essa é uma forma menor de cultura, claro, não somos grandes mestres da literatura e provavelmente nessa vida não conseguiremos ser. Contudo, por bem ou por mal estamos fazendo pessoas lerem, pensarem e fazendo com queiram ler cada vez mais.

Como isso? Simplesmente falando o que todos querem ouvir. Trazendo textos divertidos, engraçados, atraentes. Certamente não somos os únicos a fazer isso, milhares de páginas interessantíssimas são editadas todos os dias. Novas idéias e formatos surgem a cada instante. Mas porque ainda assim os jovens parecem ler cada vez menos?

Novamente uma resposta simples: nós dificultamos o acesso às coisas boas. Toda a cultura do jovem é formada, em sua maioria, em casa e na escola. Em casa às vezes é difícil para os pais providenciarem coisas interessantes, pois isso custa dinheiro, algo muitas vezes complicado de conseguir. Principalmente porque nas cidades ainda existe uma geração inteira de pais, fruto do crescimento urbano, que não teve sequer formação escolar e não possui hábitos relacionados à cultura e às artes em casa. Sobra a escola e sua biblioteca.

Em uma rápida visita a qualquer biblioteca tradicional, o que encontramos? Uma série de prateleiras empoeiradas, com os livros mais tradicionais e clássicos possíveis protegidos por uma velha senhora no comando de um balcão. Nada contra os clássicos, muito menos contra as velhas senhoras; é a estrutura da coisa que está errada.

Como se esperar que um jovem acorde um dia e fale: “Hoje eu vou pegar Macunaíma e me divertir.” Provavelmente ele estaria pensando em jogar o livro em um colega... A gente espera que os alunos percebam por si próprios a importância dos clássicos, mas isso fica difícil quando tudo conspira contra.

Primeiramente o ambiente das bibliotecas. Tradicionalmente elas têm seu acervo fechado por medo de furto. Isso impede que os alunos entrem, vasculhem as prateleiras e encontrem livros que eles nem imaginariam procurar. Permite que os livros não fiquem parados simplesmente por não serem famosos, já que eles podem ser encontrados aleatoriamente. O espaço para leitura também não é ideal. A biblioteca deve oferecer mesas, cadeiras e também sofás. Esse mobiliário deve estar junto com o acervo, permitindo que o leitor pegue os livros e possa voltar as prateleiras quantas vezes forem necessárias.

Tudo isso é complicado? Exige um planejamento? Exige dinheiro? Claro, mas se as pessoas passassem menos tempo reclamando e mais tempo planejando essas soluções certamente teríamos mais leitores. Quanto ao dinheiro, é uma coisa até piegas de se falar, mas quanto você diria que vale garantir que a próxima geração não seja composta de completos idiotas que vão pegar a tecnologia existente e destruir o mundo? Isso é um pouco dramático, sim, mas é a verdade, como você pode por um valor nisso. Esse é o tipo de investimento que não se espera só de uma escola particular que tem a obrigação e o recurso para mudar, mas das escolas públicas, porque essas sim atendem aqueles alunos que não tem acesso a cultura em casa. E nem sequer entramos pelo caminho de discutir o papel do governo e das suas políticas públicas para educação.

Tendo todo esse ambiente armado, qual deve ser o acervo? Bom, isso é muito mais complicado. Ter um acervo de clássicos é essencial, mas, como já foi dito, isso não é tudo. Uma boa biblioteca deve disponibilizar aquilo que o aluno quer ler, o que quer ouvir e o que quer assistir. Seu acervo deve conter livros atuais, divertidos, leves. Porque o sistema literário não é uma coisa estática e faz parte dos estudos observar os movimentos culturais em andamento, além do que já foi cristalizado. Também deve oferecer quadrinhos, música e filmes. Assim como uma loja, a biblioteca tem seu público e precisa atraí-lo, algo que se faz oferecendo materiais interessantes.

A partir dessa idéia, nós do Pop Balões decidimos propor uma Nova Biblioteca Escolar, revendo o seu acervo de livros, Hq's, cd's e dvd's. Não vamos nos limitar a fazer uma lista de compras. Vamos propor um material, justificar porque ele foi proposto e quando for possível mostrar como trabalhar isso na sala de aula e como esse material vai conduzir os jovens a repensar a idéia de que ler clássicos é algo chato.

Obviamente esse é um trabalho lento e extremamente orgânico. Mas aos pouco iremos propondo novos materiais e logo nossas prateleiras estarão cheias. Vale dizer que esse é um espaço dinâmico, se você quiser nos dizer a experiência da sua escola, ou mesmo mandar um texto sobre algo que ache legal figurar nas escolas, é só escrever para a gente e ajudar a ampliar nosso projeto.

Os editores

Textos Disponíveis:

HQ's: A Liga Extraordinária

 

 

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